Seção Rio, Jornal O Globo, 01/11/2014

Relíquia em Ruínas – Olhai pelo Boticário – Largo histórico aos pés do Cristo sofre com abandono. Projeto de desapropriação não foi adiante.

por Laís Carpenter

“O lugar ganhou esse nome por causa do boticário Joaquim Luís da Silva Souto, que foi o primeiro a perceber o potencial imobiliário do local.

Dono de uma botica na Rua Direita, hoje Primeiro de Março, vendia água ferruginosa de uma fonte abastecida pelo Rio Carioca. Por ficar próximo ao rio, que possuía as melhores águas da cidade na época, o boticário comprou um pedaço de uma chácara da região e construiu sete casas onde hoje é o Largo e o beco de entrada.

No século XX, passou a morar no local a família Bittencourt, dona do jornal ‘O Correio da Manhã’. As casas passaram então por reforma arquitetada por Lúcio Costa, expoente do modernismo, na qual foram usados materiais retirados de demolições do Centro do Rio.

Hoje, as quatro casas principais do Largo pertencem à herdeira dos ex-donos do extinto jornal, Sybil Bittencourt. A região é, ainda, parte da área de proteção do Ambiente Cultural do Cosme Velho.”

> Joaquim Luís da Silva Souto mudou para o lugar em 1831.

> Numa das casas há um balcão de pilastras com um musharab (espécie de persiana de madeira que permite que a rua seja vista mesmo com as janelas fechadas).