VASSOURAS (RJ) – BRASIL – 2021 (OUT), a “princesinha do café”.
– Cidade histórica, turística e universitária –
E mais uma excursão organizada por Cavalieri Marketing, Produções e Eventos, na pessoa de Lenora Cavalieri, passeio de um só dia, desta vez teve por escolha o município de Vassouras, na região do Vale do Café, região composta por, além de Vassouras, Miguel Pereira, Paty do Alferes, Barra Mansa, Barra do Piraí, Rio das Flores, Mendes, Volta Redonda, Pinheiral, Paracambi, Valença, Piraí, Engº Paulo de Frontin. E mais uma vez marcamos presença, Antônia junto, foi até homenageada, a mascotinha das excursões.
A história do Estado do Rio de Janeiro é contemplada nessa região através do café, produto que movia a economia nacional em todo o período do Brasil Império. Os solares imperiais da região, ainda hoje, são testemunhos vivos da grandeza do Ciclo do Café, chamado de Ouro Verde.
A 120 km da cidade do Rio de Janeiro, casarios, sobrados, palacetes e monumentos compõem a paisagem de Vassouras e refletem um período de opulência. Suntuosas fazendas históricas, remanescentes dos tempos áureos do café, belas construções, jongo, capoeira, caninha verde, calango e Folias de Reis, compõem o patrimônio cultural material e imaterial de Vassouras.
O nome da cidade vem de um arbusto que existia em abundância chamado “tupeiçava” ou “guaxima”, popularmente conhecido como “vassourinha”, daí Vassouras.
Tombado pelo IPHAN, em 1958, o Conjunto Paisagístico e Urbanístico de Vassouras está inscrito no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.
Entre as fazendas estão:
- Fazenda do Secretário, uma das maiores produtoras de café do século XIX. Chegou a possuir 500 mil pés de café e 366 escravos, pertenceu ao avô materno de Eufrásia Teixeira Leite, o Barão de Campo Belo. www.fazendadosecretario.com.br
- Fazenda São Luiz da Boa Sorte, de 1835, decorada com objetos do século XVIII e XIX, abriga o Museu do Café. www.fazendaluizdaboasorte.com.br
- Fazenda São Roque, construída nas primeiras décadas do século XIX pelo tenente Antônio da Costa Franco, promove concertos e teatro de época. contato@fazendasaoroque.com.br
- Fazenda São Fernando, fundada no início do século XIX, por Luís dos Santos Werneck. Atualmente pertence ao empresário Ronaldo César Coelho, além do turismo, está voltada para a agricultura orgânica, a produção de leite e a caprinocultura. www.fazendasaofernando.org.br
- Fazenda Cachoeira Grande, pertenceu ao Barão de Vassouras, oferece hospedagem e visita guiada ao museu de carros antigos e carruagens. www.fazendacachoeiragrande.com.br
- Fazenda Santa Eufrásia, única fazenda histórica tombada pelo IPHAN em Vassouras, construída por volta de 1830 pelo Comendador Ezequiel de Araújo Padilha. fazsantaeufrasia@gmail.com
- Fazenda Cachoeira do Mato Dentro, construída em 1874, tendo pertencido ao Barão do Ribeirão.
- Fazenda Mulungu Vermelho, antiga Fazenda São Francisco, construída em 1831, preserva um antigo lavadouro de café com as características originais da época de sua construção. www.fazendamulunguvermelho.com.br
Ao chegar, incorporou-se ao grupo a turismóloga Andréia Pit, uma verdadeira sensação, uma explosão de vida, guia e historiadora, que assumindo a personalidade histórica de Mariana Crioula, com humor, leveza, cantos, passos de dança, vai nos levando a conhecer um pouco da história e um pouco da cidade. Procure por ela no Facebook: Andreia Pit Alves Silva (Pit)
E quem é Andreia Pit? É guia de turismo, turismóloga, cursou gestão cultural e politicas públicas na UERJ e desenvolve um trabalho diferenciado, promovendo a valorização da história, da cultura e da identidade afro-brasileira. Como receptiva de turismo no Vale do Paraíba Fluminense e caracterizada como Mariana Crioula, a notável companheira de Manoel Congo, que liderou junto a ele, a marcante insurreição negra da região, Andreia canta (Sim! Ela canta jongo), recita poemas e encanta a todos ao narrar histórias e curiosidades dos habitantes do Vale do Café no século XIX.
E quem foi Mariana Crioula? Foi escravizada e quilombola. Nascida no Brasil, era costureira e mucama (escrava de companhia) da esposa do capitão-mor de ordenanças Manuel Francisco Xavier. Foi descrita como sendo a “preta de estimação”, assim como uma das escravizadas mais dóceis e confiáveis da sua patroa. Participou da fuga liderada pelo escravo Manuel Congo, em 1838, considerada uma das maiores fugas de escravos da região fluminense. Foi aclamada “rainha” do quilombo formado pelos fugitivos, na serra da Mantiqueira. Foi presa quando do ataque por tropas da Guarda Nacional, tendo, no entanto, resistido bravamente.
E quem foi Manuel Congo? Foi o líder da maior rebelião de escravos do Vale do Paraíba, revolta ocorrida em Paty do Alferes. Como era comum entre os escravizados nascidos na África, seu nome era composto por um prenome português associado ao nome de sua “nação” ou região de origem. Pertencia ao capitão-mor de ordenanças Manuel Francisco Xavier, dono de centenas de escravizados e das fazendas Freguesia e Maravilha em Paty do Alferes. Era ferreiro, ofício que requer treinamento e habilidade, o que certamente lhe dava status superior entre os outros escravos e maior valor econômico perante os senhores. Na cultura dos quimbundos, grupo étnico angolano, que contribuiu com muitos escravos para a região, o ofício de ferreiro era uma ocupação exclusiva de reis e nobres. A sociedade da época tinha grande carência de ferreiros e marceneiros.
Na Sala de Exposições da Câmara consta mural que conta um pouquinho dessa história, senão vejamos: “Em 1838, uma revolta de pessoas escravizadas abalou as estruturas do Vale do Paraíba Fluminense. Segundo evidências históricas, Manoel Congo, Mariana Crioula, João Angola e Epifânio Moçambique lideraram o movimento iniciado após mais um assassinato na Fazenda Freguesia, em Paty do Alferes. Estima-se que entre 200 e 400 pessoas empreenderam fuga, embrenhando-se pelas matas da serra onde fundariam o Quilombo no qual Congo e Crioula foram eleitos rei e rainha.
O levante fez com que a Guarda Nacional fosse acionada. Após dificuldades, os quilombolas foram cercados. Segundo relato da época, Mariana resistiu bravamente ao espancamento, enquanto gritava ‘morrer sim, entregar não!’. Congo foi derrubado com um tiro na perna.
Ao final do embate, dezenas morreram ou ficaram feridos e uma parte escapou pela floresta. Congo, Crioula e mais 14 pessoas foram presas e trazidas para Vassouras. O julgamento, que não respeitava qualquer trâmite legal, ocorreu em janeiro de 1839, diante da Igreja Matriz. Os historiadores Marcia Amantino e Manolo Florentino destacam que a humanidade dos escravizados só era reconhecida para a punição por algum suposto crime: ‘(o escravizado) Era uma propriedade enfim. O ordenamento jurídico da sociedade o constituía como tal, exceto no que concerne à transgressão da lei.’
Congo foi condenado de forma irônica à ‘morte natural por enforcamento’, Crioula e as outras mulheres foram absolvias e os outros homens foram sentenciados a receber 50 açoites por dia durante 13 dias e a usarem gargalheira de ferro por 3 anos.
O assassinato de Congo aconteceu em 6 de setembro daquele ano e Crioula teria sido obrigada a assistir. O enforcamento dele foi realizado publicamente no local onde hoje está o Memorial em sua homenagem. Mariana é erroneamente apontada como mulher (companheira) de Congo, mas não há evidência histórica sobre isso.
Costureira, Mariana foi escravizada como mucama de Francisca Xavier, a quem voltou a servir após a absolvição. Crioula permaneceu invisibilizada por muito tempo, mas nas últimas décadas seu protagonismo naquele período histórico passou a ser reconhecido. Crioula e Congo são reconhecidos como Heróis do Estado do Rio de Janeiro por lei.”
Começamos nosso tour pela Praça Barão do Campo Belo, passando pelo Palacete Barão de Ribeirão, construído em 1860, casa que pertenceu ao Barão do Campo Belo, deixada de herança para o Visconde de Cananéia, que hospedou o Conde D’Eu, posteriormente, transformada em hotel, em 1895, hospedando a Princesa Isabel, funcionou como Fórum, Cadeia Pública, setores da administração pública municipal, hoje sede do IPHAN. No alto da platibanda da Casa existem 6 estátuas representando os 4 continentes e duas estações do ano, outono e inverno.
A Praça Barão de Campo Belo foi construída entre 1835 e 1857, rodeada por enormes palmeiras imperiais e com um suntuoso chafariz todo em cantaria construído ainda no século XIX pelo arquiteto espanhol Dr. Joaquim de Soto Garcia de la Vega, servindo de fonte de água para a Vila de Vassouras e de cenário para diversas produções tanto para o cinema quanto para a televisão.
Visitamos a Câmara Municipal, construção iniciada em 1850, antiga Casa de Câmara e Cadeia Pública. As quatro imponentes colunas da sacada foram apadrinhadas à época da construção por pessoas influentes como o Barão de Vassouras, o Barão de Ribeirão, o Barão de Massambará e o Dr. Manoel Simões de Souza Pinto ilustre médico vassourense. Nessa visita chamou atenção a antiga solitária, na verdade, um buraco estreito no piso, algo para se envergonhar, pela desumanidade que representa contra quem quer que fosse.
Na mesma praça, tendo a Rua Barão de Tinguá, à direita; a Rua Luiz Pinheiro Werneck, à esquerda e aos fundos a Praça Sebastião de Lacerda, se eleva a Igreja Matriz dedicada a Nossa Senhora da Conceição, erguida em 1828 pelo Barão de Aiuruoca. Inicialmente uma capela erguida por Custódio Ferreira Leite e seus sobrinhos, em terras doadas por Francisco José Teixeira. Em lugar não identificado do imenso átrio, segundo o Livro 1 de Óbito, folha 104, de 21 de julho de 1846, está enterrado Francisco Rodrigues Alves, fundador do povoado de Vassouras.
Próximo a Igreja Matriz, está em construção o futuro Museu Vila de Vassouras. Entusiasta da região do Vale do Café, no sul fluminense, o empresário Ronaldo Cezar Coelho , que já tinha feito a creche Mariana Crioula, em Massambará, está transformando um antigo casarão na Praça Campo Belo, no Museu Vila de Vassouras. A previsão para inauguração do museu de identidades, que vai resgatar principalmente a história não contada de gente da região, é setembro de 2022. Ronaldo espera priorizar os 50 anos históricos de Vassouras, no auge do ciclo do café, entre 1830 e 1880. Durante este período, a região do Vale do Café foi responsável por 75% de todo o café consumido no mundo e hoje abriga um enorme acervo histórico e cultural, além de outras novidades como produção de gim, cerveja artesanal e de café que volta a ser produzido na região.
Na cidade, nossa última visita foi ao Museu Casa da Hera, Museu Federal, à Rua Dr. Fernandes Junior, 160 – Centro, pertenceu aos pais de Eufrásia Teixeira Leite, Joaquim José Teixeira Leite (1812-1872) & Ana Esméria Teixeira Leite (1827-1871), uma casa belíssima, com jardins maravilhosos, exemplo de residência urbana da elite cafeicultora do século XIX, única residência dessa região que mantém o mesmo mobiliário e tratamento original de seu interior desde o século XIX.
Quem foi Joaquim Teixeira Leite? Foi um dos mais importantes comissários de café da região. Era bacharel em Direito, foi presidente da Câmara de Vassouras por 11 anos e vice-presidente da província do Rio de Janeiro. Ao longo de sua vida, envolveu-se com os projetos para construção da Estrada de Ferro D. Pedro II (futura Central do Brasil) e defendeu a implantação de núcleos de colonos na região de Vassouras. Casou-se em 1843 com Ana Esméria Teixeira Leite e teve duas filhas: Francisca Bernardina e Eufrásia Teixeira Leite.
Gostaríamos de ter passeado mais lentamente pelos cômodos e pelos jardins, ambos merecem mais tempo.
Quem foi Eufrásia Teixeira Leite? Foi a primeira mulher a investir na Bolsa de Valores. Ao morrer, seu testamento previa: “conservar a Chácara da Hera com tudo que nela existisse no mesmo estado de conservação, não podendo ocupar ou permitir que fosse ocupada por outros.” A casa e as terras da chácara foram herdadas pelo Instituto das Irmãs Missionárias do Sagrado Coração de Jesus. Em 1965, o IPHAN assinou um convênio de caráter permanente com o Instituto pelo qual assumia a guarda e controle da Casa da Hera, que passou então a ser aberta à visitação pública.
A casa possui 69 janelas com vidraças em guilhotina, voltadas tanto para a área verde da chácara, quanto para um pátio interno e 22 cômodos distribuídos em 4 áreas com funções bem distintas: área social; área de estar; área íntima e área de serviço.
Os ambientes sociais são os mais ricos e decorados, destacando-se pelo papel de parede de origem francesa. Aí estão o salão vermelho, a sala de música e a sala de jantar, únicos cômodos a que as visitas teriam acesso, o que também explica a simplicidade dos quartos, visto que precisavam conter apenas o essencial para o cotidiano de seu dono. Na área íntima, portanto, os quartos da família, de visitas e uma biblioteca, com 890 livros e 3 mil periódicos. Na área de serviço, a cozinha e a copa, onde se destacava o fogão a lenha, hoje um doado cuja inscrição diz ‘1866 – Jacinto A. Barbosa’, e um filtro de pedra do século XIX.
A habitação se prestava não só a residência, mas também às atividades comerciais, assim, além da sala comercial, há uma alcova que hospedava aqueles que aportassem em sua casa para fazer negócio. Tratava-se de um quarto pequeno, sem janelas e cuja porta era trancada por fora, preservando assim a privacidade do resto da casa.
Como toda residência do século XIX, a casa, mesmo imensa, não possuía banheiros. Uma antiga sala destinada a atividades de costura foi transformada em instalações sanitárias para uso dos visitantes do museu, sendo esta a única alteração feita desde o século XIX.
Almoçamos no Restaurante Sabor do Vale, Rua Caetano Furquim, 105 – Centro, que oferece churrasco, comida mineira, japonesa e buffet de saladas. Tudo que comemos estava muito saboroso.
A visita a Fazenda do Secretário, em São Sebastião dos Ferreiros, marcou com chave de ouro o encerramento do nosso passeio, com um belo lanche servido na cozinha da fazenda. Um local deslumbrante, uma casa elegante e jardins estonteantes.
Existem duas versões correntes para a origem do nome “Fazenda Secretário”: uma atribui o nome ao seu fundador, José Ferreira da Fonte, que foi secretário de diversos governadores da província; a outra explica que o nome foi tomado do ribeirão chamado Secretário que nasce de vertentes próximas e banha a fazenda.
A propriedade chegou a possuir 500 mil pés de café e 366 escravos. Parte da sua tulha, localizada do lado direito da casa, ainda permanece, onde se situavam 51 lances de senzalas, 5 enfermarias e dez casas para empregados. Em frente a casa e ao lado da tulha, um relógio francês instalado em uma bela torre, torre sineira, que marcava as horas e chamava todos para o trabalho.
Restaurada e mobiliada ao estilo da época, o solar foi construído em meados do século XIX (1830) por Laureano Corrêa e Castro, o Barão de Campo Belo, título com que foi agraciado em 1854 pelo Imperador Dom Pedro II.
Possui vários aposentos: uma escadaria importada da Europa, em madeira de lei; capela; salão de estar com delicadas pinturas com temas literários e musicais; salão de jantar com pinturas alusivas a comestíveis e bebidas e notícias da existência, à época, de mesa com 48 cadeiras, do catalão José Maria Villaronga, conhecido por suas obras em estilo “trompe d`oeil”, uma das características da decoração interior das fazendas do Vale do Paraíba; mobília francesa estofada; espelhos de cristal; candelabros de bronze com mangas de cristal; mobília em mogno; cortinas adamascadas; serviço de porcelana inglesa e faqueiros de prata como se lê no processo de inventário quando operada a sucessão hereditária.
Quem já teve oportunidade de saber um pouco mais sobre as fazendas históricas do Vale, deve ter ouvido a mesma história: os casarões, repletos de luxo e requinte, não possuíam banheiros. É por isso que, nos quartos, sempre vemos uma jarra e uma bacia sobre uma cômoda e o terceiro elemento, o penico, não tão à mostra assim, pois ficava sob a cama.
Os jardins, com sua extraordinária beleza e dimensão, possuem estátuas em ferro fundido da famosa fundição Barbezat & Co, localizada no Vale d’Osne.
A Fazenda do Secretário foi retratada por Vitor Frond, renomado pintor e já serviu de cenário para várias produções como “Os Maias” e “Os Quintos dos Infernos”. Fotos constam do livro Fazendas Solares da Região Cafeeira do Brasil Imperial da Editora Nova Fronteira.
Quem foi José Maria De Panella y Villaronga? Foi pintor-decorador, dourador, cenógrafo, retratista e também mestre de obras e arquiteto. Sua carreira se desenvolveu em importantes centros urbanos na região da Serra Acima, como Vassouras, Rio das Flores e Bananal. Na cenografia reformou e decorou inúmeros teatros na década de 1870, como o Teatro de Valença; o Teatro Santa Cecília, em Bananal; o Teatro de Rink, de Santos; o Teatro de Itu; o Teatro de Campinas; o Teatro São João, em Taubaté e o Teatro São José, em São Paulo.
Seus trabalhos decorativos de maior relevância são as pinturas murais realizadas em casas de vivenda de importantes famílias da classe senhorial escravista, durante os períodos de apogeu e grandeza do café, como na fazenda Secretário em Vassouras; nas fazendas Resgate e Rialto, em Bananal; na fazenda Paraíso, em Rio das Flores; na fazenda Bom Sucesso, em Paraíba do Sul; além de residências urbanas como na casa do Barão de Itambé, em Vassouras e na dos Alvares de Magalhães, em São José do Barreiro. Também pintou e reformou igrejas em diversas cidades do vale paraibano fluminense e paulistano.
Artista absoluto, Villaronga circulou pelo campo das artes e da engenharia, foi homem de grande espírito empreendedor, coordenou equipes de artífices, foi requisitado pelos barões do café e bajulado pelos cronistas da época. Na pintura mural decorativa brasileira do século XIX, assinou seu nome como pintor das múltiplas habilidades. Fonte: A Casa Senhorial – Portugal, Brasil & Goa – Anatomia dos Interiores
Texto de Andreia Pit esclarece em “A Comunicação em Código com Leques, Flores e Frutas” que:
“Em tempos em que alguém que tivesse a mais fértil imaginação sequer sonhava em inventar as redes sociais, diga-se de passagem, a Internet, nem só de cartas viviam os namorados, paqueras, amantes, enfim … Entre os vários códigos sociais utilizados desde que o mundo é mundo (rs), aqueles que compartilhavam os sentimentos do coração, no Século XIX, a época em que focamos esses comentários, também se aproveitavam desse método para mandarem seus recados e elegeram os Códigos das Flores e dos Leques para o flerte. Conta-se que D. Pedro II utilizou o Código das Flores após um desentendimento com a Marquesa de Santos. Em uma carta enviada à Marquesa ele avisava que enviaria lírios brancos como pedido de desculpas. Haveria uma apresentação de teatro naquela noite e ele pediu à Marquesa que caso ela tivesse aceitado seu pedido, deveria, então, usar um dos lírios em seu vestido. O código dos leques era ainda mais interessante. Antigamente, os homens também utilizavam esse acessório e os motivos não eram só por vaidade. O leque era útil para amenizar o calor e alguns odores desagradáveis já que os hábitos de higiene não eram como os atuais. Bem, não vamos tirar o glamour das nossas breves linhas. Era com esse objeto que o flerte acontecia, a qualquer momento, de forma discreta e até divertida, no Vale do Café. Oportunidades não faltavam e era só ficar atento aos olhares e aos movimentos das mãos, é claro! Abrir e fechar o leque significava que a pessoa não sairia à noite. Esse aviso poderia ser dado pelas sinhazinhas aos seus pretendentes, por exemplo. Essa é boa: se o homem batesse com o leque fechado no cabelo, estava enviando a seguinte mensagem: não se esqueça de mim! Já quem estivesse segurando o leque aberto e com o dedo no cantinho, a mensagem era clara: preciso falar com você! E a resposta era dada assim: leque no lado esquerdo do rosto era um não e leque no lado direito do rosto significava um sim. E até as frutas foram usadas para transmitir alguns recados. O significado de um homem ganhar um abacate, por exemplo, é que ele estava sendo traído. E dar uma laranja ao seu par queria dizer que estava tudo terminado entre o casal. E era assim que muitos casais se formavam, brigavam e se resolviam… Tudo através dos códigos das flores, dos leques e das frutas… Romântico, não é mesmo?” Hino à Vassouras, composto por Walfrido Silva e Luiz Seabra, executado pela primeira vez em 15/01/1933, nas comemorações do centenário de elevação de Vassouras à categoria de Vila: Salve! Salve! Vassouras gloriosa! Salve! Berço de tantas tradições Do teu passado à imagem grandiosa Gravada vive em nossos corações Se orgulhosos nos faz o teu passado O teu presente nos dá esperanças mil Salve! Lindo torrão idolatrado Salve! Ó terra risonha do Brasil Teus filhos te saúdam neste dia Aniversário de tua fundação Com um hino vibrante de alegria Com um canto que fala ao coração Numa auréola de glórias altaneiras E de louros a fronte a te cingir Nós te adoramos, terra das áç,eoras Sempre impávida a marchar para o porvir. |
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